O anúncio, na terça-feira, da saída da Irmã Lourdes Dill da coordenação do Projeto Esperança/Cooesperança depois de 35 anos surpreendeu grande parte da comunidade de Santa Maria - exceto, talvez, os bastidores da Arquidiocese de Santa Maria. E mais ainda: a possibilidade de a irmã ir trabalhar em uma cidade do Estado do Maranhão, determinação da Congregação Filhas do Amor Divino, a qual pertence.
Em nota, Congregação explica transferência de irmã Lourdes Dill para o Maranhão
Arcebispo da Arquidiocese de Santa Maria desde agosto deste ano, dom Leomar Brustolin não tem só o direito, bem como a legitimidade para fazer as mudanças necessárias em sua gestão e, às vezes, elas até podem ser saudáveis. "É um procedimento totalmente normal na Igreja Católica. Não é normal deixar muito tempo. É fundamental dizer: nós precisamos criar processos e não personalismos", disse dom Leomar, sobre a decisão, à CDN.
Nas redes sociais, internautas pedem para irmã Lourdes Dill ficar em Santa Maria
Entretanto, quanto à saída da irmã Lourdes, ela é referência em economia solidária não só para Santa Maria e região, mas para o Brasil. Mesmo que as pessoas sejam substituíveis, e outras podem trabalhar com o mesmo afinco, é difícil trocar alguém que serve de referência e até inspiração na área.
Por isso, é compreensível que parte da população não assimilou a decisão, já que a Arquidiocese está abrindo mão, talvez, da gestora mais qualificada em economia solidária.
Liderança que transcende
Vinculada aos movimentos sociais, a religiosa transita com desenvoltura pelos setores político e até empresarial. E com voz. De algumas lideranças políticas, especialmente de esquerda, a irmã era mais próxima. Já das mais distantes, ela era respeitada.
Sem dúvida, Santa Maria e a região perdem uma grande liderança, e os mais carentes, uma defensora. Não por acaso há movimentos pela permanência da irmã no Coração do Rio Grande. Inclusive circula nas redes sociais a #ficairmalourdes.
Por parte da Arquidiocese de Santa Maria, a liderança se concentrará na figura do arcebispo dom Leomar Brustolin com a saída da Irmã Lourdes Dill, uma vez que setores da Igreja não acreditam numa reversão dessa decisão.
Curiosidade
Curiosamente, o anúncio da saída da irmã Lourdes da coordenação do projeto Esperança/Cooesperança ocorre menos de uma semana depois de a iniciativa ser exibida, sexta-feira, em rede nacional, no caso o Globo Repórter, como uma experiência bem-sucedida em economia solidária.
style="width: 100%;" data-filename="retriever">
Foto: Renan Mattos (Diário de Santa Maria) /
Irmã Lourdes Dill comandava projeto Esperança/Cooesperança há 35 anos. Ele desenvolvia um trabalho junto a movimentos sociais
Na oportunidade, a irmã declarou, enquanto caminhava com desenvoltura pelas bancadas do Feirão Colonial, no terminal Dom Ivo Lorscheiter, que pretendia ficar por muitos anos à frente do projeto. "Eu quero chegar aos 130 (anos), se Deus me der essa graça. No feirão, trabalhando de bengala", afirmou ela, ao Globo Repórter.